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terça-feira, 7 de março de 2017

Crianças sírias

Os justos do mundo
Sempre rezarão
Pelas crianças sírias
Os justos do mundo
Sempre vão se preocupar
E jamais amarão a bomba
Ainda que o sol se apague
E os sussurros da lua
Inaudíveis para os poetas
Tornem-se

As crianças sírias
Não sonham ser astronautas
Jogar futebol
Que papai e mamãe
Parem de brigar
Ou com um recreio eterno
Elas sonham
Com o dia
Em que as bombas
Vão deixar de cair
As crianças sírias
Não brincam nos parques
Não escorregam em direção aos céus
Não anseiam por brinquedos novos
Não arquitetam planos infalíveis
Para ocultar travessuras
Estão a mercê das bombas
O senhor Donald é muito ranzinza
Não quer crianças sírias em seu quintal
Morrer no mar
Ou bombardeadas
Elas podem escolher
Se uma nova estrela de Belém
Surgisse no Oriente Médio
A cobiça por petróleo a apagaria
A plutocracia é um anjo exterminador
Ceifa vidas e colhe dinheiro
Para os senhores da guerra
E diz não ao genuíno natal
Somos tão civilizados
Com nossos penduricalhos tecnológicos
Mas não deixamos de produzir
Crianças sírias no mundo todo:
Crianças escravizadas
Abandonadas
Violentadas
Mutiladas
Despedaçadas
Sonhos proibidos
Na Aurora da vida
A mão de Abraão
Pesando sobre Isaac
Herodes dando gargalhadas
Com seus rudes convivas
Bruxas e ogros tão reais
E as crianças sírias
Só têm as lágrimas das mães
E dos profetas.
(Jardins incinerados.
Compaixão não basta
Tantas vezes vaidosa)

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