Pesquisa
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Por que escrever?
Alguém já disse que escrevemos para sermos amados. Mas o que escrevemos pode desagradar a muita gente, inclusive a nós mesmos. Os professores da área de Letras nos dizem que escrever é uma importante atividade sociocultural. Que a prática da escrita deve ser cultivada, pois só desta forma os alfabetizados irão aprimorar a sua habilidade de produzir textos escritos. Talvez muitas pessoas só escrevam por dinheiro, mas não creio que estes sujeitos consigam ser bons autores.
Eu acredito que escrever, seja literatura, textos teóricos ou argumentativos sirva, realmente, para conquistar admiração alheia, para ampliar nossa capacidade de uso do idioma pátrio, para ganhar dinheiro, pois ,como diz o preceito bíblico, todo trabalhador é digno de receber o seu sálario. Só não acredito que a literatura, a filosofia e a prosa jornalística possam salvar o mundo, porque este, coitado, precisa de reformas amplas e profundas. Talvez o que de principal traga o hábito da escrita seja o exercício de nossa individualidade.
Um texto produzido por nós tem a potencialidade de expressar nossa visão particular do mundo. E assim contribuímos com nossa gotinha pessoal para aumentar o mar do pensamento e da literatura do Universo. Obviamente, uma produção literária ou argumentativa de um indivíduo sofre a influência, consciente ou inconsciente, de inúmeros outros textos, vivências, experiências... Mas a forma como filtramos estas influências e a transformamos em algo inédito é uma maravilha da existência. Pois ao mesmo tempo que escutamos outras vozes, apresentamos a nossa para quem quiser ou possa nos ouvir. Treinar a nossa individualidade é fugir do nosso destino de gado e a escrita está aí para nos auxiliar nesta tarefa.
Pode-se dizer, e creio que muitos já o disseram, que um texto é um tecido composto dos mais distintos fios, que seriam as intertextualidades desejadas, ou não, pelo autor. Se acreditamos que escrever, ou seja produzir textos com sinais alfabéticos, é uma atividade importante, pois então façamos como Penélope que ludibriava os pretendentes indesejáveis tecendo durante o dia e destecendo durante a noite.
Pedindo desculpa ao Bardo cego e aos eruditos, podemos casar o mito da esposa de Ulisses com o que estávamos sustentando. Assim, o ato de produzir e desmanchar uma obra de artesanato, simboliza o caráter essencialmente "inútil" e pessoal da escrita, especialmente da literatura. Podemos comparar Penélope ao escritor, seja ele o laureado com o Nobel, ou o blogueiro desconhecido, ainda mais que as linhas de seu bordado não são apenas suas, mas remontam a um hábito ancestral entre as mulheres, isto é, algo que conta com a coloboração de mil e uma influências . Sua fidelidade ao cônjuge distante é um aviso aos autores, para que estes não traiam seus princípios. Os pretendentes, que buscavam se assenhorar de Penelópe representam tudo aquilo que quer reprimir nossa criatividade, nossa individualidade, como certos produtos midiáticos, certas doutrinações religiosas ou do Estado etc. Para combater, estes que nos querem transformar em gado passivo ,penelopicamente vamos bordando e desbordando, usando de fios nossos e de outros, porém com uma combinação de elementos que será inconstestavelmente nossa. Façamos assim, esperando pelo retorno do guerreiro homérico que, como nos explicou o sublime Bruxo do Cosme Velho, é a Sapiência.
Beleza
Um vento balança as flores
A noite se enfeita de estrelas
Os poetas fazem diamantes com palavras
Quisera escrever um poema bonito
Que balançasse as flores
E enfeitasse o vento de estrelas
Um poema bonito é capaz
De desinventar angústias
E de levitar mentes cansadas
De dizer exatidões por meio de linhas tortas
Os relógios vomitam as horas
As estações se sucedem
Onde está meu poema bonito?
Oh Senhor, por que me abandonaste?
Se eu não sei o que me falta
Qual é a minha falha
Onde me perco
Onde peco
A noite se enfeita de estrelas
Os poetas fazem diamantes com palavras
Quisera escrever um poema bonito
Que balançasse as flores
E enfeitasse o vento de estrelas
Um poema bonito é capaz
De desinventar angústias
E de levitar mentes cansadas
De dizer exatidões por meio de linhas tortas
Os relógios vomitam as horas
As estações se sucedem
Onde está meu poema bonito?
Oh Senhor, por que me abandonaste?
Se eu não sei o que me falta
Qual é a minha falha
Onde me perco
Onde peco
quarta-feira, 10 de julho de 2013
Um mundo a ser criado
O relógio de areia se esgota
Entretanto, há um mundo a ser criado
Estrelas que não são vistas
Estradas para serem consertadas
Luas sem inspirar versos
Hospitais que não curam
Noites sem paz
Escolas que não ensinam
Manhãs sem ânimo
Humanos sem moradas
Verdes que dizem adeus
Vidas que não esperam mais vida
Enquanto o relógio de areia se esgota
Ainda há um mundo a ser criado.
Entretanto, há um mundo a ser criado
Estrelas que não são vistas
Estradas para serem consertadas
Luas sem inspirar versos
Hospitais que não curam
Noites sem paz
Escolas que não ensinam
Manhãs sem ânimo
Humanos sem moradas
Verdes que dizem adeus
Vidas que não esperam mais vida
Enquanto o relógio de areia se esgota
Ainda há um mundo a ser criado.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Triste
Os pássaros cantam
As estrelam cintilam
As flores vicejam
A lua está cheia
Os crepúsculos são coloridos
Os Beatles existiram
Os aviões nos levam para a praia
Mas o que me importa?
Depois de tanto tempo
Depois de tanto tempo
Onde estão meus sonhos de infância?
Manhã que desaba
Tarde, noite, não pedem licença
Tudo tão angustiante
Músicas ao longe
Mágoa, lágrimas tão perto dos olhos
Futuro indistinto do passado
Os erros tão assíduos
A noite deserta de paz
Vacas magras, espigas mirradas
Dias nublados
Calendário: responsabilidades; sete dias úteis
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