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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Não pule agora


Há um filme
Que mudará sua vida
E ademais, o céu é azul e de graça.

A vida não faz sentido
A madrugada é dura
O salário minguado
Falta ao mundo
A doçura que você necessita.

Mas se o calor é insuportável
Logo será noite
E as estrelas dizem coisas lindas
Para quem sabe ouvi-las.
Tudo retornará ao pó
Um dia.

Mas por enquanto
Sua mente
Suas loucuras
Seus poemas uterinos
Sua ânsia
Seu sol interior
São pequenos milagres
Com lenha para queimar.

Não somos inocentes
Fizemos gente sofrer
Somos parte do absurdo
Mas também da poesia.
Quando tudo ficar cinza
Lembre-se daqueles versos
Do João Cabral
Ou de sua maior gargalhada.

A bomba pode explodir
Uma doença pode nos levar
Então seremos uma gota
No oceano da morte
Então, por ora, tratemos
De sermos gotas
No oceano da vida.
Há uma beleza em todo momento
Da vida
Algumas coisas a escondem

Mas reparando
Você vai perceber
E me responder
Com uma canção
Sobre o arco-íris.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

O ônibus para lugar nenhum

Envelheci tanto nesta viagem
Dentro do ônibus para lugar nenhum
Meus sonhos de infância
Foram expulsos
Como passageiros sem passagem

Aqui não há sol
Não há sertão
Não há canção
Não há luar
Só solidão
E uma mulher
Sem ninguém para amar

Tanta gente se acotovelando
O sol tão intenso
Mas somos tão cinzas
Uns mais acomodados
Dormindo em duras poltronas
Outros em chamas

Tudo poderia ser bonito
Como risada
Do Chaplin criança
Mas está mais parecido
Com um arroto de um Hitler
Com a boca cheia de
Inimigos imaginários

Não sei do que preciso
Para fugir daqui

Seja meu amigo
Conte-me um das suas anedotas
Faça-me esquecer
Que estamos
No ônibus para lugar nenhum.