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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Woody Allen nosso


 
Woody Allen nosso que estais em Nova York, celebrado seja vosso nome. O filme nosso de cada ano nos dai sempre. Perdoai nosso mau gosto, assim como nós perdoamos o mau gosto dos outros. Não nos deixai cair na mediocridade, mas livrai-nos de todo blockbuster. Venha a nós vossa arte, porém seja feita vossa vontade, assim nos EUA como em qualquer outro país. Amém. Créditos com jazz.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Horóscopo


 

Não odeie a chuva

Não odeie o calor

Não odeie o vento

Não odeie o escritório

Não odeie os mosquitos

Não odeie os aviões

Não odeie o seu emprego

Não odeie suas férias

Não odeie a TV de domingo

Não odeie a linguagem científica

Não odeie o mau gosto

Não odeie os suplementos culturais

Não odeie os ônibus

Não odeie as bicicletas

↓≠

Pense em algo que não mata

Sonhe com cores e canções

Siga respirando cansado

A Grande Noite virá

Mas o que ela nos reserva

Quem saberá?

Porém o dia foi feito

Para suportar e para amar.

Presépio


 

 Estrela de Belém no céu

Nasceu uma sabedoria iluminada

As mais jovens páginas do Velho Livro

Dificultam o olvido

Os humildes pastores vieram

A família eleita sorri

O angelical coro

A sublime cena sublinha.

A Fraternidade quer varrer

Dos dias os ódios

Como quem limpa a casa

Para torná-la perfumada e agradável.

 

Estrela de Belém no Livro e nos livros

Os que dizem que nasceu a mentira

Não creem e se desesperam

Os que dizem que a Verdade foi parida

Profetas da falsidade são.

 

Estrela de Belém nos pinheirinhos

Mortes e guerras nas ruas

Pessoas apressadas para comprar

Lentas para refletir

Automóveis poluem e ensurdecem

Nos fones modismos musicais

A razão se atrofia

Os ódios não saem de moda.

 

Estrela de Belém em águas profundas

Velho menino

Presépio palestino

Tua sabedoria é vista

Apenas por valorosos escafandristas

O canto de teus anjos

Teus versos de paz

Aos ouvidos da humanidade

Por peixes são declamados...


 

 

 

 

 

 

domingo, 20 de outubro de 2013

Sombras e raios de sol


 

(Baseado no filme “A pequena loja dos suicídios”)

Não há cores vivas para pintar

Não há palavras suaves para escrever

Não há galos para acordar o sol

Não há férias no calendário

Não há cansaço do algoz

A infelicidade se senta num trono de fel

±

 

Mas no reino do desespero

Uma criança nasce sorrindo

E uma família desiste de morrer

E uma cidade opta por viver

Em um outrora impossível renascer

Os suicídios perdem batalhas

Para a alegria…


 

domingo, 8 de setembro de 2013

Quadrinhas



Quadrinha do ensinamento

Um poeta popular

Me ensinou que rimar

É fazer a língua namorar

Pra beleza não acabar

Quadrinha da distorção bíblica

Feliciano disse que o negro é amaldiçoado

Ficando o preconceito justificado

Ele que se considera abençoado

Na Idade Média deve ter estudado

Quadrinha natalina

Nasceu o Deus menino

Em solo palestino

Se fosse brasileiro seria nordestino

E pregaria a Brasília o amor genuíno

Quadrinha pra Oswald de Andrade

Oswald botava pra quebrar

Fez uma obra salutar

Sem linguística estudar

Sabia que o preconceito linguístico tem que acabar

Quadrinha sobre as colônias de exploração

Não sei fazer quadrinha

Mas necessidade eu tinha

De rimar do catador a latinha

Com as caravelas do Caminha

Quadrinha para Ana Paula

Contigo me casar

Não pôs fim ao nosso namorar

Tentar te encantar

É retribuir teu profundo amar

Quadrinha do plágio

Se a um grande poeta plagiar

Não vá simplesmente vadiar

Roube para homenagear

E também para reinventar

Quadrinha do transporte coletivo em Neves

A empresa mudou

O ingênuo acreditou

Esperando estou

Como era tudo ficou

Quadrinha Americana

Prezado Cristovão Colombo

O teu feito não vale um pombo

Não adianta esconder com um biombo

Que o europeu fez cá um grande rombo

 

 

 

 

 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

O grande mestre

O escritor em crise criativa decidiu procurar o grande mestre. Percorreu caminhos íngremes, enfrentou feras selvagens, o frio, a fome e a fadiga até chegar á morada do augusto ancião. Quando finalmente estava diante do supremo sábio, as palavras, tanto tempo sufocadas, saíram-lhe em cascata:
__Mestre, não consigo escrever nada. Os editores me pressionam, mas eu nada consigo produzir. O que farei, se  estou em grandes dificuldades econômicas, o que farei, oh sapientíssimo? Dê-me uma fração de tua iluminação!
O esplêndido guru continuou tomando placidamente o suavíssimo chá preparado pelo mais elevado de seus auxiliares. Em seguida, olhou penetrantemente nos olhos do suplicante, abriu um sorriso que emanava a mais sublime sabedoria, ou seja, uma inteligência vizinha da Mente de Deus. Por fim, o mestre, benevolamente, falou á alma desesperada que lhe procurava:
__Eu também estou há muito tempo sem escrever. A diferença entre mim e você é que meus livros de autoajuda vendem bem e eu tenho dinheiro para viver confortavelmente por longos anos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pequena vida

Em sua pequena vida ainda não conheceu o amor. Ele é uma criança com alguns cabelos brancos. Não viu os jardins flutuantes. Não viu as estrelas beijarem o chão. Não ouviu a Bob Dylan, com o vento e o  tamborim. Todos os dias saindo para trabalhar, enxergando as coisas em preto e branco. Sem saber dos peixes que pulam nas redes e dos tesouros que procuram quem seja capaz de possuí-los.
A vida o aguarda. Os carnavais adormecidos não cobrarão juros. Seus solitários planos encontrarão quem possa compartilhá-los. A chuva lavará almas e ruas. A luz entrará por frestas, o que precederá o advento das janelas. Ele nascerá outra vez, muitas vezes tornará a morrer, mas o que importa é que as fotografias do paraíso permanecerão bem guardadas.

Não corrigirás

Não corrigirás
Tua miopia e teu astigmatismo
Eternos são.
O mundo para ti é fosco

Usarás lentes grossas
Sustentadas por pesadas armações
Terás as marcas dos óculos em tua face
À Genética pertence a soberania
                        *

Mas talvez você tenha outros olhos para ver
Olhos que verão as cores
Em suas melhores versões
Olhos que encontrarão a perfeição platônica
Olhos para estar entre os verdes, azuis, lilases,
Amarelos e amanheceres
 
Talvez.
Você sempre terá o talvez.


Meditando

Estrelas dentro de mim
Rios de sorrisos

Cascata de nuvens azuis

Nenhum filme do mundo
Pela beleza que há em nossos interiores

Exploradores de nós mesmos
O nada é o tudo
Quando o mundo é silenciado
O que importa é escutado

Raios de suavidade
Estamos dentro da terra
Acima do chão
Dentro da escuridão
Iluminados...

Estrelas dentro de mim
Rios de sorrisos...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Da solidez

Já disseram que a realidade é líquida
A poesia é feita por palavras
Que relacionadas podem se tornar sólidas
Como a arquitetura

O poema pode ser uma casa
Para o leitor morar
Um abrigo
Mas também um espaço
Para conspirar, respirar, inspirar
Transpirar,conjurar

Uma casa com todas as tecnologias
Confortos e iluminações
Para o leitor ser mais o que é.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Últimos dias

Serão estes os últimos dias
A catástrofe final se avizinha.
Talvez

A vida ainda sopre suas cores
Os mares ainda cantem
E o verde ainda escape do capital

Últimos dias
São os nossos para se anunciar o fim dos tempos
Quando não houver mais tempos
Saberemos deixando de saber
O que pensávamos que sabiamos
Hoje as lutas permanecem
Não é a hora de esperar
A Grande Tragédia

O Caos sempre  esteve entre nós
Viver é juntar os cacos
E ás vezes construir belas taças.

Caos urbano

Esperou durante muito tempo pela Grande Revelação. Desafortunadamente, o trânsito o impediu de assistir ao capítulo da telenovela.

Inspiração

Era um poeta que escrevia o que ouvia da boca dos anjos. Infelizmente, muito se perdia na tradução para língua dos homens.

domingo, 18 de agosto de 2013

O mundo dos seres mutilados

Naquele mundo, naquela galáxia distante de nós, os seres eram todos incompletos. Os cães possuíam três pernas, os crocodilos não tinham cauda, os bois não mugiam, os humanos não tinham braços e assim por diante.
Tudo porque o Criador daquele planeta, não conseguia terminar suas obras. Era um deus problemático, que iniciava os trabalhos, porém não os concluía.
Um dia, o Criador daquele mundo sentiu uma forte depressão, por se sentir um deus incapaz. Os outros deuses zombavam dele, nas convenções dos Seres Supremos.Além disso, ele julgava que o mundo, criado por ele, era feio e triste.
Sentado numa sarjeta de seu mundo incompleto, o demiurgo foi abordado por um mendigo, que naquela terra inacabada não tinha mãos para recolher as esmolas. O pedinte disse:
_Por que está triste, forasteiro?
_Porque sou um criador frustrado, não consigo completar as minhas obras. Todas as minhas criaturas são seres mutilados.
_Mas quem é perfeito?
_Ora, os deuses de outros mundos criam muitas criaturas completas, perfeitas, seres humanos com cabeça, troncos e membros, tigres com caudas, pelos e presas mortais e assim por diante.
_Mas eles lá têm mais partes que nós e nós temos menos que eles e isso que é bonito. Porque os mundos são diferentes e os viajantes, os que podem, vão por aí e descobrem coisas diferentes, nem melhores e nem piores, mas diferentes!
O deus daquele mundo sentiu-se como iluminado e voltou para o seu ateliê de Criação, continuando os trabalhos “incompletos” e rezando para que aquele mendigo tenha razão.

O pianista

O pianista quando toca enche de azul os céus,transforma o Infinito em melodia, civiliza os ódios, torna audível a fala dos anjos, semeia árvores e amores, purifica mares, vence a morte, reinventa a vida, reconstrói a escada de Jacó...
Entretanto, o pianista em sua vida privada é um homem duro e inflexível, que despreza a vida e a humanidade. (Porém, ás vezes chora na solidão)
Ah! Mas quando toca...

sábado, 10 de agosto de 2013

O jardineiro

O poeta canta os jardins, as flores, as borboletas, os perfumes...
O jardineiro trabalha cuidando de jardins alheios, trabalha muito, ganha pouco, é analfabeto e não conhece a Poesia. Mora longe e sempre chega em casa exausto. ( Mas sonha que seu neto será Doutor e poderá ler todos os Livros do Mundo)

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Por que escrever?


Alguém já disse que escrevemos para sermos amados. Mas o que escrevemos pode desagradar a muita gente, inclusive a nós mesmos. Os professores da área de Letras nos dizem que escrever é uma importante atividade sociocultural. Que a prática da escrita deve ser cultivada, pois só desta forma os alfabetizados irão aprimorar a sua habilidade de produzir textos escritos. Talvez muitas pessoas só escrevam por dinheiro, mas não creio que estes sujeitos consigam ser bons autores.
   Eu acredito que escrever, seja literatura, textos teóricos ou argumentativos  sirva, realmente, para conquistar admiração alheia, para ampliar nossa capacidade de uso do idioma pátrio, para ganhar dinheiro, pois ,como diz o preceito bíblico, todo trabalhador é digno de receber o seu sálario. Só não acredito que a literatura, a filosofia e a prosa jornalística possam salvar o mundo, porque este, coitado, precisa de reformas amplas e profundas. Talvez o que de principal traga o hábito da escrita seja o exercício de nossa individualidade.
   Um texto produzido por nós tem a potencialidade de expressar nossa visão particular do mundo. E assim contribuímos com nossa gotinha pessoal para aumentar o mar do pensamento e da literatura do Universo. Obviamente, uma produção literária ou argumentativa de um indivíduo sofre a influência, consciente ou inconsciente, de inúmeros outros textos, vivências, experiências... Mas a forma como filtramos estas influências e a transformamos em algo inédito é uma maravilha da existência. Pois ao mesmo tempo que  escutamos outras vozes, apresentamos a nossa para quem quiser ou possa  nos ouvir. Treinar a nossa individualidade é fugir do nosso destino de gado e a escrita está aí para nos auxiliar nesta tarefa.
   Pode-se dizer, e creio que muitos já o disseram, que um texto  é um tecido composto dos mais distintos fios, que seriam as intertextualidades desejadas, ou não, pelo autor. Se acreditamos que escrever, ou seja produzir textos com sinais alfabéticos, é uma atividade importante, pois então façamos como Penélope que ludibriava os pretendentes indesejáveis tecendo durante o dia e destecendo durante a noite.
   Pedindo desculpa ao Bardo cego e aos eruditos, podemos casar o mito da esposa de Ulisses com o que estávamos sustentando. Assim, o ato de produzir e desmanchar uma obra de artesanato, simboliza o caráter essencialmente "inútil" e pessoal da escrita, especialmente da literatura. Podemos comparar Penélope ao escritor, seja ele o laureado com o Nobel, ou o blogueiro desconhecido, ainda mais que as linhas de seu  bordado não são apenas suas, mas remontam a um hábito ancestral entre as mulheres, isto é,  algo que conta com a coloboração de mil e uma influências . Sua fidelidade ao cônjuge distante é um aviso aos autores, para que estes não traiam  seus princípios. Os pretendentes, que buscavam se assenhorar de Penelópe representam tudo aquilo que quer reprimir nossa criatividade, nossa individualidade, como certos produtos midiáticos, certas doutrinações religiosas ou do Estado etc. Para combater, estes que nos querem transformar em gado passivo ,penelopicamente vamos bordando e desbordando, usando de fios nossos e de outros, porém com uma combinação de elementos que será inconstestavelmente nossa. Façamos assim, esperando pelo retorno do guerreiro homérico que,  como nos explicou o sublime Bruxo do Cosme Velho, é a Sapiência.

Beleza

Um vento balança as flores
A noite se enfeita de estrelas
Os poetas fazem diamantes com palavras

Quisera escrever um poema bonito
Que balançasse as flores
E enfeitasse o vento de estrelas

Um poema bonito é capaz
De desinventar angústias
E  de levitar mentes cansadas
De dizer exatidões por meio de linhas tortas

Os relógios vomitam as horas
As estações se sucedem
Onde está meu poema bonito?

Oh Senhor, por que me abandonaste?
Se eu não sei o que me falta
Qual é a minha falha
Onde me perco
Onde peco

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um mundo a ser criado

O relógio de areia se esgota
Entretanto, há um mundo a ser criado
Estrelas que não são vistas
Estradas para serem consertadas
Luas sem inspirar versos
Hospitais que não curam
Noites sem paz
Escolas que não ensinam
Manhãs sem ânimo
Humanos sem moradas
Verdes que dizem adeus
Vidas que não esperam mais vida

Enquanto o relógio de areia se esgota
Ainda há um mundo a ser criado.

Porto Seguro

Ônibus. Aeroporto. Avião. Hotel. Areia. Mar. Sol. Céu. Paz. Alegria. Bahia.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Triste


Os pássaros cantam

As estrelam cintilam

As flores vicejam

A lua está cheia

Os crepúsculos são coloridos

 Os Beatles existiram

Os aviões nos levam para a praia

 

Mas o que me importa?

 
Sou triste.

Depois de tanto tempo


Depois de tanto tempo

Onde estão meus sonhos de infância?

 

Manhã que desaba

Tarde, noite, não pedem licença

Tudo tão angustiante

 

Músicas ao longe

Mágoa, lágrimas tão perto dos olhos

 

Futuro indistinto do passado

Os erros tão assíduos

A noite deserta de paz

Vacas magras, espigas mirradas

 

Dias nublados

Calendário: responsabilidades; sete dias úteis

 
Quando em meu coração, será natal novamente?

sexta-feira, 7 de junho de 2013

ÀS FLORES DE MAIO


As manhãs tornaram-se mais douradas

O sol mais benigno

Os fardos mais leves

A esperança mais robusta

E os ruídos quase se fizeram música

Graças a teu suave florescer!

domingo, 26 de maio de 2013

A glória


Estava com o grande galardão literário nas mãos. Preparava-se para ser aclamado. Jornalistas que buscavam a Neymar o atropelaram.

sábado, 20 de abril de 2013

A palavra


Entra na biblioteca e procura avidamente por um dicionário de língua portuguesa. Deseja, como nunca desejou outra coisa, o significado de certa palavra. A ânsia pela compreensão deste vocábulo salta de seus olhos lunáticos. Não revela a ninguém qual é o verbete almejado, apenas pede à bibliotecária que procure pela letra O no calhamaço.

Letra O de obscuridade e obsessão, como os mais sigilosos desejos humanos.

(Ana Paula e Erinilton Gomes)

 

 

 

 
              

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Django

No filme Django Livre temos a construção de um cowboy.O personagem de Jamie Foxx realiza a transição de um escravo a um pistoleiro livre. Vemos esta transformação nos momentos em que o personagem principal é treinado pelo Dr. Schultz como matador profissional e quando utiliza diversos figurinos até se tornar na materialização perfeita do herói do faroeste americano.
Ou seja, em Django Livre, a liberdade é a liberdade do cinema. Um escravo é livre quando se transforma em um personagem livre do cinema. Tarantino mais uma vez reafirma o seu modo fundamentalmente cinéfilo de fazer cinema.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O deserto

O senhor Deserto está extremamente feliz. Em breve receberá a visita do seu velho amigo, o senhor Mar.